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Em estágio avançado, indústria colhe benefícios de análise de dados, enquanto outras verticais começam a estruturar projetos. Contudo, a premissa é universal: discussão sobre big data deve pertencer às áreas de negócios, e não só da TI, sob a liderança do CEO
O tema do Big Data pode ser novidade para alguns setores da indústria. No entanto, as empresas de petróleo e gás sempre lidaram com uma enorme quantidade de dados ao longo das últimas décadas, com o objetivo de saber o que está debaixo da superfície terrestre. Programas sísmicos, visualização de dados e, agora, uma nova geração de dispositivos de computação com sensores que coletam e transmitem dados continuam a abrir novas possibilidades dentro do setor.
Com essas novas ferramentas e uma capacidade analítica de alto nível, os produtores de petróleo e gás podem capturar dados mais detalhados em tempo real com custos mais baixos. Isso pode ajudá-los a melhorar o desempenho dos campos de petróleo em 6% a 8%, de acordo com uma pesquisa da Bain & Company. Esses números também são aplicados em outros setores. Uma pesquisa recente que fizemos com mais de 400 executivos em diversas indústrias revelou que aquelas organizações que possuem capacidades analíticas mais avançadas estão superando os concorrentes com grandes margens de mercado. A pesquisa descobriu que esses líderes têm duas vezes mais chances de estar no primeiro quartil de desempenho financeiro dentro de suas indústrias (ou seja, os primeiros 25% de empresas com melhores resultados); estão cinco vezes mais propensos a tomar decisões muito mais rápidas do que seus concorrentes; possuem três vezes mais chances de executar as tarefas conforme o esperado no planejamento; e o dobro da probabilidade de usar dados com mais frequência na tomada de decisões.
Nossa pesquisa encontrou que poucas empresas estão realmente prontas para tirar o máximo de todos esses dados: apenas cerca de 4% das organizações de todos os setores têm os melhores profissionais e as habilidades necessárias para extrair o real valor tangível da análise de dados. Algumas empresas de petróleo e gás estão investindo na construção dessas capacidades, mas muitas têm problemas ao tentar abraçar a oportunidade.
Nossas conversas com altos executivos sugerem que eles estão conscientes a respeito dos benefícios do Big Data, mas suas equipes têm dificuldades de perceber tal potencial. Muitas vezes, as empresas delegam à área de TI essa função. Mas, na prática, o assunto deve pertencer às áreas de negócios, sob o olhar atento do CEO (ou outro profissional da alta gestão), para se ter a certeza de que os esforços realizados entreguem valor à organização.
Quando se fala sobre o potencial da análise de dados, a primeira pergunta que os executivos devem se fazer é: "em que a análise de dados pode agregar mais valor para a minha empresa?". Nós vemos oportunidades nas áreas convencionais e não convencionais, bem como em operações midstream. Por exemplo, uma boa análise pode ajudar os produtores a coletar dados de subsuperfície e características geográficas, o que levará a uma visão bem detalhada sobre as bacias de xisto. Nos convencionais, pode-se ir além da medição e partir para a implementação de ferramentas de previsão com uma gama tecnológica que ajuda a detectar tendências e perfurar locais que têm mais potencial de retorno. No meio do caminho, a análise de dados pode ajudar a monitorar tubulações e equipamentos, possibilitando uma abordagem mais precisa e previsível da manutenção.
Saber o valor potencial do Big Data é apenas o começo. Executivos de petróleo e gás precisam definir um modelo organizacional que estimule a colaboração entre as áreas e que coloque os dados nas mãos de quem toma as decisões. Por exemplo: em um modelo baseado em ativos, com funções implantadas em campo e reportes para uma única estrutura organizacional regional, a boa análise de dados pode ajudar os líderes a se tornarem mais eficientes em gerenciar a variedade de dados (tais como registros de perfuração sísmica, parâmetros operacionais, RPMs das brocas, dados de desempenho e outros) que ajudam a otimizar a produção. Cada área pode produzir certo volume de dados, mas enquanto o modelo operacional não conseguir colocá-los nas mãos certas e no tempo correto, será difícil melhorar a performance.
Assim como em outras indústrias, muitas empresas de petróleo e gás possuem um sistema de TI complexo e já estabelecido, que tem evoluído ao longo das décadas e, agora, contêm muitas ilhas com dados diversos. Grandes volumes de dados não estruturados e em tempo real agravam o problema, mas é de onde as informações valiosas podem surgir. Algumas empresas adotam uma abordagem de duas vias, que inclui um plano de longo prazo para modernizar a estrutura de TI e a utilização de um sistema que atue em paralelo na identificação das oportunidades mais importantes.
Por fim, profissionais de análise de dados estão em escassez no mercado e as empresas de energia precisarão contratar talentos para extrair ao máximo desta oportunidade. As empresas devem evitar resolver a questão colocando somente profissionais "caros" para atuar nos problemas. O modelo correto deve balancear conhecimento a respeito da indústria com habilidades de análise com foco na resolução de problemas específicos e identificar novas oportunidades. A área precisa de modelos de código aberto, tecnologia em nuvem e metodologias de desenvolvimento iterativo.
As companhias de petróleo e gás precisarão melhorar as suas capacidades de análise, a fim de competir em um setor no qual as decisões devem ser tomadas mais rapidamente e as apostas estão em níveis cada vez mais altos. A criação de uma capacidade de análise leva tempo e investimento, e isso só pode acontecer com um foco sustentado pela alta gestão. Agora é a hora de desenvolver um plano que mapeie as ambições da empresa e confrontá-las com as reais capacidades da organização. E isso é o que fará o caminho na direção das análises avançadas em nível global.