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O dinheiro que fundos de investimento em participação em companhias de capital fechado aportam no Brasil não é suficiente para cobrir a demanda por operações, segundo Hugh MacArthur, responsável pela área global de "private equity" da consultoria Bain & Company.
Em estudo divulgado recentemente, a empresa mostrou que o mercado brasileiro continua sendo um dos principais alvos para aquisições, apesar da lentidão da economia e de um ambiente regulatório mais incerto na percepção dos investidores.
A fim de melhorar essa equação, o especialista vê corno importante a maior presença de capital aportado por instituições estrangeiras. "A presença de financeiras do exterior no mercado brasileiro ainda é baixo, o que ajuda a piorar esse cenário", afirmou MacArthur, em entrevista ao Valor. "Mas muitos dos fundos com quem estamos conversando disseram que da próxima vez que houver uma captação, vão recorrer ao exterior."
Na opinião de MacArthur, há outros entraves que também impedem a chegada de novos investimentos no país. Para ele, a questão regulatória é essencial na hora de os fundos decidirem em que mercado apostar, já que a incubação dos projetos demora ao menos cinco anos e a previsibilidade é importante. No entanto, ele não quis comentar sobre dados concretos de possíveis entraves regulatórios entre investidores e governo brasileiro.
No lado contrário, de investidores nacionais chegando ao exterior, os Estados Unidos podem ser o grande alvo daqui para frente, segundo André Castellini, cofundador do escritório paulistano da Bain. A alta exposição de brasileiros ao mercado local faz com que a probabilidade de operações com estrangeiras em "private equity" aumente cada vez mais, prevê.
O sócio da consultoria no país afirmou que geralmente o foco de fundos nacionais é o próprio Brasil, mas que, principalmente firmas representantes dos brasileiros mais ricos, chegaram a um ponto no qual ir ao exterior parece mais atrativo. Os EUA, em processo de equação de sua política fiscal para que a economia se recupere de maneira sustentável, encontra-se em melhor situação do que outros mercados desenvolvidos como a Europa, disse Castellini.
Para comprovar essa tese aparece, por exemplo, a grande transação realizada pelo 3G Capital, em parceria com a Berkshire Hathaway, em fevereiro deste ano. As duas firmas compraram a fabricante americana de condimentos Heinz por US$ 28 bilhões. A aquisição, além de ser de um tamanho excepcional, reforçou a presença de Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Mareei Telles nos EUA. Eles já controlam a cadeia de fast-food Burger King.