Brief
A indústria pecuária no Brasil vive um momento promissor. Maior exportador de carne bovina do mundo em volume, o país lidera um mercado que deve crescer 35% nas próximas duas décadas. Com seu vasto território, clima favorável e forte cultura pecuarista, o Brasil poderia conquistar uma fatia ainda maior de um mercado em franca expansão. Mas, à medida que cresce a pressão por práticas mais sustentáveis no setor, a deterioração da reputação do país no plano ambiental ameaça o futuro do setor.
A expansão da pecuária é a principal causa de desmatamento e da emissão de gases do efeito estufa (GEE) na Amazônia, onde taxas de desmatamento voltaram a subir depois de anos em queda. A produção de gado também é o principal fator de conversão do habitat na região do Cerrado. Uma série de tendências mundiais—crescimento populacional, maior distribuição de renda, necessidade de segurança alimentar, mudanças de hábitos do consumidor e novas exigências de investidores—impõem novos desafios. Mas, também abrem oportunidades. Para enfrentar esses desafios e inaugurar um ciclo novo e virtuoso, o setor terá de promover a transparência por toda a cadeia de valor, permitindo maior visibilidade sobre a origem do gado e, sobretudo, garantindo que não esteja vinculado a áreas desmatadas.
Os principais candidatos a liderar esse esforço são os grandes frigoríficos brasileiros—que, juntos, respondem por cerca de 35% da produção total de carne bovina do país e cerca de 85% das exportações do produto. Esse esforço deve contar, naturalmente, com o apoio do Estado e de outros atores importantes do setor. Um modelo de negócios livre de desmatamento e conversão (em inglês, Deforestation and Conversion-Free, ou DCF) para a pecuária brasileira não só é viável do ponto de vista financeiro, técnico e do uso do solo, mas vai criar valor para empresas, pecuaristas e investidores por toda a cadeia de valor do setor—mais do que a abordagem usual de contínuo desmatamento, com todos os riscos que isso encerra.