Brasil, fevereiro de 2022 - É fato: a relação entre profissionais e empresas mudou radicalmente, e nunca mais será a mesma. Ou seja, as organizações e suas lideranças precisam entender isso urgentemente e repensar a maneira como deve ser feita a abordagem em relação aos seus times. O talento está rapidamente se tornando o recurso mais precioso das companhias.
Ao perceber essa transição na forma como as pessoas se relacionam com seus empregadores, nós, da Bain, nos propusermos a entender com profundidade como isso impactará o futuro do trabalho. Em nosso estudo The Working Future: Re-Humanizing Work, buscamos compreender diretamente na fonte, ou seja, com as pessoas, como esse cenário está se modificando, como os profissionais se enxergam e o que anseiam.
Ouvindo cerca de 20 mil pessoas em dez países, das quais 2 mil no Brasil, conseguimos observar que o que elas querem, acima de tudo, é uma relação mais próxima e humana com as organizações das quais fazem parte.
É evidente que fatores como uma boa remuneração e uma ampla gama de benefícios ainda pesam nas escolhas profissionais. Mas fica claro que, com o passar do tempo, encontrar oportunidades de aprendizado, crescimento pessoal e flexibilidade serão cada vez mais presentes em suas escolhas.
Além disso, o “fator pandemia” foi uma ruptura sem igual, serviu como uma força natural de reflexão sobre a importância do equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal. Ficou evidenciado em nosso estudo que a covid-19 causou uma enorme tensão psicológica e emocional. No Brasil, por exemplo, 65% das pessoas entre 18 e 34 anos disseram sentir-se estressadas ou sobrecarregadas durante o período de isolamento. Nas faixas entre 35 e 54 anos e acima dos 55 anos, esse porcentual foi de 61% e 50%, respectivamente.
Somem-se a isso a evolução e a adoção de novas tecnologias, que estão servindo de motor para modificar a maneira como as pessoas podem conduzir suas funções profissionais. O trabalho remoto, em consequência, ganhou um novo significado, com maior flexibilidade, e deslocou uma parcela cada vez maior do trabalho para além dos espaços tradicionais das organizações. Dos brasileiros entrevistados, 30% desejam continuar dessa forma durante os cinco dias da semana.
Não é trivial essa mudança no modelo de trabalho. E isso impõe um desafio enorme para os líderes empresariais. Não apenas na gestão dos times, mas também – e principalmente – na maneira como as relações devem ser cultivadas. Como o talento é o ativo mais precioso das empresas, será necessário repensar como potencializar esse novo formato. Isso demandará investimentos de escala no aprendizado, na revisão das jornadas de carreira e no cultivo de uma mentalidade de crescimento profissional na organização.
Para as lideranças, características como autoconhecimento e empatia serão os pilares essenciais, principalmente para perceber os limites dos times e estimular os talentos individuais. Os melhores líderes serão aqueles que demonstrarem capacidade de reorganizar os fluxos de trabalho para ajudar os colaboradores a utilizar melhor suas características singulares.
Para que as empresas se adaptem a esse novo profissional, devem se tornar organizações que ofereçam pertencimento e oportunidade. Somente com uma gestão de pessoas e uma liderança humanizada, será possível criar um ambiente que extraia o melhor de cada uma delas, gerando prosperidade para todos.