Nada como uma crise para impulsionar inovação. É nessa hora que geralmente um pequeno grupo de pessoas identifica uma necessidade urgente, abandona atividades de baixa prioridade, quebra procedimentos burocráticos e se transformam em verdadeiros salvadores da pátria.
É perfeito. O problema é que esse tipo de agilidade é frágil. Quando a situação volta ao normal, as pessoas em geral retomam ao modelo tradicional - de “comando e controle” — até que chegue a próxima crise. E, nessa hora, vão ter que reinventar novamente o jeito ágil de ser. Como, então, manter a agilidade uma vez superada uma crise? Há três medidas essenciais.
- Usar a agilidade para criar um sistema ágil. Em qualquer organização, sistemas têm um impacto maior no desempenho a longo prazo do que indivíduos. Isso ajuda a explicar porque o desempenho dos executivos varia tanto de uma organização para outra. Por que então, não aproveitar momentos nos quais inovações ágeis estão no ápice para tornar o próprio sistema da organização mais ágil? Faça as pessoas participarem do processo de mudança do sistema por meio de testes, aprendizado e adaptação. Isso feito, dê a todos tempo para se acostumarem a um novo modelo operacional.
- Aumentar a velocidade de mudanças culturais. Durante uma crise, muitos executivos ficam surpresos com a velocidade de inovação da empresa. Empresas ágeis estão sempre de olho na velocidade. O tempo que um time ágil leva para inovar é determinado por dois fatores: o tempo necessário para trabalhar na inovação e o tempo gasto esperando que outras pessoas tomem decisões, liberem verba etc. A maioria das equipes passa de 15% a 20% do tempo trabalhando — e o restante, esperando. Para reduzir o tempo de espera, divida iniciativas grandes e demoradas em lotes menores, revistos e adaptados regularmente. Dividir o planejamento anual e atividades de custeio em sprints trimestrais também minimiza a espera.
- Redefinir o equilíbrio entre operações e inovação. Para sustentar o sucesso em cenários dinâmicos, é preciso administrar a empresa com segurança e eficiência e, ao mesmo tempo, transformar o negócio de forma rápida e eficaz. Hoje, a maioria das grandes empresas dá ênfase à rotina das operações, deixando de lado a inovação. Uma crise torna essa deficiência dolorosamente óbvia — mas o segredo é manter a urgência, já prever a crise seguinte e criar um sistema que enfatize tanto a inovação quanto as operações.
Nas duas últimas décadas, uma série de crises — a pandemia de Covid-19, ataques terroristas, furacões, queimadas descontroladas — vieram se somar a distúrbios comuns do mundo moderno, como vazamento de dados, guerras comerciais e disrupções digitais. Novas crises virão, e um sistema ágil de negócios pode ajudar a empresa a criar as inovações necessárias para superá-las.