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Brasil, setembro de 2024 - Estudo recente da Bain & Company revela que o financiamento global de venture capital (VC) em 2023 voltou aos níveis pré-2021, totalizando um valor superior a US$ 357 bilhões distribuídos em aproximadamente 18 mil negócios. Investimentos em capital de risco têm registrado crescimento constante nos últimos dois anos e um dos principais motores para a sustentação do volume de negócios são as iniciativas em sustentabilidade. O tema se mostra tão relevante para o crescimento do volume de capital investido quanto a inteligência artificial generativa, cujo destaque nas discussões corporativas tem sido mais evidente.
Segundo André Fernandes, sócio da Bain & Company e especialista em venture capital, a injeção de capital em sustentabilidade apresentou relevância em todo o mundo, com quase US$ 60 bilhões captados em cerca de 2 mil negócios e investimentos 60% maiores em 2023 em comparação a 2019. “Identificamos que 17% do total de investimentos globais de VC foram para sustentabilidade, um aumento significativo em relação aos 11% pré-pandemia. Esse crescimento também pode ser verificado no Brasil, onde a participação dos investimentos em sustentabilidade passou de 3% antes da pandemia para 6% em 2023”, explica.
O levantamento aponta que Estados Unidos, China e Europa continuam sendo os principais focos dos investimentos em sustentabilidade, concentrando cerca de 80% do financiamento global de VC em 2023. No entanto, nos Estados Unidos, país que movimenta o maior volume de venture capital, os projetos socioambientais representam apenas 12% do total de investimentos em startups no país. A China conta com 23% do total de financiamentos em startups voltados para a sustentabilidade, especialmente em mobilidade, enquanto a Europa segue aumentando sua relevância, com 29% do mercado total de VC direcionado para o setor.
No Brasil, os investimentos nessa área nos últimos três anos foram impulsionados principalmente por energia verde, mobilidade e capital natural. Daniela Carbinato, sócia da Bain e líder da prática de ESG, apresenta uma visão detalhada das iniciativas no mercado brasileiro: “Energia verde foi o foco principal dos investimentos no país, representando cerca de 50% do financiamento em sustentabilidade entre 2022 e 2023. Mobilidade, apesar da redução dos investimentos globais nos últimos dois anos, ainda corresponde a 27% do total investido em ESG e, no Brasil, conta com startups focadas em reduzir emissões e ineficiências no transporte. Já o setor de capital natural vem ganhando relevância no Brasil nos últimos dois anos”, explica. Além do investimento em reflorestamento em 2023 na startup Mombak, a Microsoft realizou novos aportes no país em 2024, em outra startup da mesma área, a re.green, movimentando o segmento.
A pesquisa ressalta sete temas principais em sustentabilidade como foco de VC em todo o mundo: energia verde, infraestrutura sustentável, mobilidade, manufatura e materiais limpos, sistemas alimentares sustentáveis, capital natural e produtos/serviços de consumo sustentável. A Bain identificou ainda um leve aumento nos investimentos em materiais eficientes, construção sustentável e sistemas de aquecimento e ventilação. Os investimentos em capital natural aumentaram em 2023, com a gestão de água recebendo cerca de 60% do total de financiamento. Já os investimentos em consumo sustentável diminuíram entre 2022 e 2023, com varejo verde e distribuição sustentável representando cerca de 50% do financiamento nos últimos três anos.
Para as empresas, a integração de inovações tecnológicas e novas abordagens de modelo de negócios pode acelerar o progresso em áreas críticas para as iniciativas em ESG. Ao alavancar o ecossistema de startups, as organizações podem adotar soluções emergentes de forma mais rápida e eficiente, respondendo às demandas crescentes por práticas sustentáveis. Ao promover a colaboração estratégica com as startups, as grandes corporações podem ganhar dinamismo e agilidade, impulsionando a adoção de tecnologias disruptivas e inovação.
Além disso, a exploração de investimentos em nichos emergentes e a construção de capacidades estratégicas nesses setores ainda pouco desenvolvidos pode posicionar as companhias na vanguarda da sustentabilidade e garantir vantagens competitivas, resultando em ainda mais investimentos e criação de valor. Parcerias pré-competitivas, onde empresas se unem para desenvolver soluções sustentáveis antes de competir no mercado, também são uma abordagem eficaz para escalar rapidamente tecnologias sustentáveis e enfrentar desafios ambientais globais. Dessa maneira, a combinação de financiamento de venture capital com estratégias inovadoras e colaborativas se apresenta como uma opção viável para um futuro mais sustentável e competitivo.