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Brasil, março de 2024 - Apesar do cenário macroeconômico desafiador, o mercado de luxo global atingiu €1,5 trilhão em 2023, de acordo com a 22ª edição do relatório anual divulgado pela Bain & Company e a Altagamma, associação dos fabricantes italianos de artigos de luxo. Com um crescimento de 8% a 10% em relação a 2022, o segmento estabeleceu um recorde para a indústria, demonstrando uma resiliência sem igual.
Assim como no relatório elaborado pela Bain para o mercado brasileiro, a versão global compreende nove segmentos, com destaque para veículos, hotelaria e bens pessoais de luxo, que juntos representam mais de 80% do total. A escalada nos gastos gerais foi consistente com a taxa de crescimento em 2022: houve um aumento de quase €160 bilhões nos gastos em todos os segmentos de luxo, que incluem ainda imóveis, aeronaves, iates, saúde, fine art e bebidas finas.
O mercado de bens pessoais de luxo deve chegar a €362 bilhões em 2023 - 4% a mais do que no ano anterior. No entanto, o desempenho do mercado desacelerou trimestre a trimestre, especialmente nos Estados Unidos e na Europa, enquanto o mercado chinês retomava a aceleração. Desse modo, no ano passado, cerca de dois terços das marcas cresceram (em comparação com 95%, em 2022). A lucratividade média se estabilizou como resultado do equilíbrio entre a pressão inflacionária e o investimento para evitar a elevação contínua dos preços.
Ásia e Europa impulsionaram o mercado de luxo em 2023. Compras globais de turistas de luxo quase retornaram aos níveis pré-pandêmicos em valor absoluto, mas o potencial de crescimento é significativo. A Ásia liderou o incremento graças à forte demanda doméstica e a um renovado fluxo de turistas chineses em toda a região. A Europa continuou a se beneficiar do aumento progressivo do turismo e, mesmo que a instabilidade macroeconômica tenha impactado os aspirantes a clientes locais, os clientes estabelecidos mantiveram um ritmo positivo que impulsionou a expansão do mercado.
Complexidade multigeracional
Mesmo com as gerações X e Y em pico de renda, representando a maior parte das compras de luxo, as marcas devem navegar por uma crescente complexidade multigeracional. A geração Z está posicionada na vanguarda das mudanças sociais e culturais, inspirando os sistemas de valores de outras gerações, com um forte desejo por experiências e uma busca por significado. Esta geração deve representar de 25% a 30% das compras no mercado de luxo, enquanto a geração Y vai alcançar de 50% a 55%.
O luxo em 2023 e além
A pesquisa da Bain sugere que, em 2023, o valor total de vendas no varejo do mercado de luxo tenha subido para €1,51 trilhão ‒ aumento de 11% a 13% em relação a 2022, em linha com a taxa de crescimento de 12% em 2022 sobre 2021. Todos os segmentos de luxo cresceram e alcançaram níveis pré-Covid-19 (incluindo a área de hotelaria de luxo, que foi a mais lenta a se recuperar).
Já os lucros, que aumentaram em média 21% em 2021 e 2022, devem variar entre 19% e 22% em 2023, no máximo. Embora o setor de luxo continue a se beneficiar de preços mais altos e do aumento das vendas em canais diretos de margem mais elevada, é importante considerar que também subiram os gastos com marketing das marcas, assim como os custos mais elevados de mão de obra e energia. Os investimentos abrangem tecnologia da informação mais robusta e infraestrutura de dados para sustentar a contínua digitalização da indústria, além da renovação das redes de lojas.
Com base no levantamento, que avaliou o desempenho das 280 mais importantes marcas de luxo, a Bain acredita que, nos próximos anos, o mercado deve seguir em crescimento. As expectativas são de um incremento sólido nos gastos totais com luxo, de 4% a 8% ao ano, saindo de um valor estimado de €1,5 trilhão hoje para €2,5 trilhões até 2030.