Press release
Brasil, março de 2023 - Novo relatório de Private Equity Global da Bain indica crescimento ainda mais forte e de longo prazo para o setor, mesmo diante da turbulência econômica e da incerteza causadas pelo aumento da inflação e das taxas de juros em 2022. O documento aponta que o ano passado foi o segundo mais forte na história do private equity (PE), apesar da queda acentuada no total de transações, valores de negócios e captação de recursos ocorridos no meio do ano.
Independentemente do revés causado por choques macroeconômicos sem precedentes, o estudo da Bain conclui que os parâmetros fundamentais do PE ainda são fortes, com US$ 3,7 trilhões em dry powder. “À medida que a atividade de negócios começa a se recuperar em 2023, o setor continua bem posicionado para o crescimento de longo prazo. Há uma incerteza inegável no mercado global -- mas isso é algo com o qual o private equity já lidou antes com sucesso”, explica Gustavo Camargo, sócio da Bain, líder da prática de Private Equity na América do Sul.
Depois de bater recordes em 2021 -- US$ 1 trilhão no valor total de negócios --, e encerrar um impressionante ciclo de 12 anos de alta para o setor, a súbita pausa na atividade de PE no meio do ano fez com que o valor global de aquisição (excluindo add-ons) caísse acentuadamente (35%), batendo US$ 654 bilhões em 2022. Já o número geral de negócios diminuiu 10% para cerca de 2.318 transações concluídas. A relutância dos bancos em emprestar para grandes transações alavancadas a partir de meados do ano, quando as taxas de juros aumentaram e a ansiedade econômica se intensificou, ditou como as negociações se desenrolaram em 2022, observa a Bain. Nos Estados Unidos e na Europa, os empréstimos alavancados desabaram 50%, chegando a US$ 203 bilhões.
Como resultado, caiu o número de grandes transações e de alta alavancagem que há anos impulsionavam o valor dos negócios. Assim, o tamanho médio dos negócios reduziu 23% em 2022, para US$ 964 milhões, depois de ter subido constantemente todos os anos desde 2014, até atingir o valor recorde de US$ 1,2 bilhão em 2021. Isso foi refletido pelo aumento do apelo de negócios menores, que representaram uma parcela maior do total de transações, e de “add-ons”, que chegaram a 72% de todas as aquisições norte-americanas no ano passado.
Tendências para 2023
A Bain mostra que os investidores individuais são o novo grande motor de crescimento para o PE. Os investidores individuais de varejo detêm cerca de 50% de todos os ativos globais (de um total estimado de US$ 275 trilhões a US$ 295 trilhões), mas possuem apenas 16% do capital de fundos de investimento alternativos. Assim, esse segmento representa um mercado amplo e inexplorado para gestores de PE que querem manter um crescimento de dois dígitos acompanhando o amadurecimento do setor.
De acordo com a consultoria, os fundos que já exploram os mercados de investimento de varejo estão se movendo rapidamente e isso força o restante do segmento a se posicionar. Ao mesmo tempo, indivíduos com alto patrimônio líquido e seus consultores são cada vez mais atraídos por investimentos alternativos, explorando opções de diversificação e retornos melhores do que os mercados tradicionais de ações e dívidas públicas podem oferecer. No entanto, a Bain adverte que esta nova área vem acompanhada de grandes curvas de aprendizado para aqueles que desejam fazer os canais funcionarem em escala.
Apesar da previsão de crescimento, a combinação de taxas de juros mais altas e pressões inflacionárias representa uma ameaça para o PE, enfatiza o relatório. Embora indique que prever o curso dos preços ou da inflação seja imprudente, a Bain observa que fatores poderosos que estão em jogo permanecem inalterados. Isso inclui o envelhecimento da população, as tensões orçamentárias dos governos, a alta de custos devido a problemas de abastecimento e as tendências de onshoring - movimento inverso ao offshoring.
O relatório conclui que as empresas de PE devem encontrar maneiras de se ajustar a essas novas pressões macro, inclusive por meio de investimento em automação, redundância e segurança da cadeia de suprimentos e gerenciamento de balanços contra o risco de permanência das taxas de juros no patamar atual. Os players de PE também devem buscar grupos de clientes e setores com menor sensibilidade a preços e se concentrar no crescimento orgânico dos negócios.
Transição energética global e web3: desafios e oportunidades
A análise de Bain destaca que a cobrança sobre as empresas de PE para descarbonizar os portfólios foi intensificada em 2022 por meio da pressão de reguladores, consumidores, clientes B2B e investidores. Ao mesmo tempo, a corrida para desenvolver novas fontes alternativas de energia e outras soluções de baixo carbono gera uma oportunidade única de investimento, uma vez que a transição energética vai exigir trilhões em capital. Embora seja possível observar ambiguidades em torno da regulamentação, do ritmo da mudança e de outras questões, a Bain sugere que as empresas desenvolvam experiências, aprimorem capacidades e ampliem suas redes para que as mudanças ocorram a seu favor.
O private equity também deve enfrentar os desafios impostos pela web3, que certamente vai gerar um impacto de longo alcance para os negócios e mercados, diz o relatório da Bain. Esse será um tema crítico nos próximos 10 anos, portanto, agora é o momento para muitos fundos avaliarem os meios para explorar as consequentes mudanças tecnológicas.
Desse modo, em que pese todas as quedas em negociações, saídas e captação de recursos do ano passado, o Relatório Anual de Private Equity da Bain sugere que a perspectiva de longo prazo para o setor continua sendo de resiliência e desenvolvimento. O PE deve seguir com crescimento orgânico e expandir suas margens diante das altas taxas de juros.
Ao examinar os desafios presentes e futuros para o setor, a Bain salienta que “linhas de visão” estratégicas claras, e não condições econômicas, são o chamariz para novos negócios, mesmo que as taxas de juros permaneçam altas por mais tempo. A consultoria indica que os principais players devem continuar agressivos em busca de transações que levem em conta as condições macroeconômicas atuais.
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